quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Na brecha

 


Tem vários dias venho pedindo ao meu marido para irmos numa loja de jardinagem da minha cidade para comprar mais plantas.

E, também, para comprar uma garrafinha de água de passarinho.

Assim, quem sabe eu poderia atrair eles a virem no meu apartamento?

Mas, como estou gravemente doente, Ele carinhosamente foi me enrolando.

Eu mal dou conta de colocar um copo de água na cozinha. Não daria conta de andar naquele espaço grande de plantas.

Foi aí que aconteceu. Comecei a ir para a rede da sacada de manhã.

Uma rotina básica: ou cama ou rede, banheiro e comida.

E, na rede comecei a ouvir uma cantoria de passarinhos. Todos os dias de manhã cantando muito.

A nossa sacada tem uma porta de vidro fosca que separa a parte técnica dos ar condicionados.

Ficava me perguntando o que eles faziam lá? Será que fizeram ninho? Será que decidiram morar lá? Ou Deus enviava eles todos os dias de manhã para me alegrar ao saber do meu desejo de atrair passarinhos ?

Eu não tinha coragem de abrir a porta de vidro, tinha medo que ao abrir, olhar o que tinha do outro lado, de alguma maneira fizesse parar a cantoria.

Conversando no vídeo com minha irmã ela ouviu os passarinhos e até comentou que eles apareceram do nada e era para eu dar alguma comida para eles não irem embora.

Eu disse: - Deus os enviou. É capaz de algum deles ainda vir pousar na minha mão! Estou tanto no espírito! E rimos juntas, uma risada gostosa.

Foi quando, então, aconteceu. Eu estava na rede e peguei um susto!

Por uma brecha bem pequena, de um arremate de esquadria que tinha descolado (ou seja, por um problema) entrou um pássaro com tons de azul!

Ele sobrevoou a sacada, passou por cima de mim, cantou, cantou!

Eu maravilhada, reuni forças e peguei um pedaço de banana, um pouco de água em agradecimento! Mas ele só cantava e  voava !

Ele ficou muitos minutos comigo!

As vidraças todas fechadas, eu olhei para a brecha e não acreditava como ele tinha passado por lá.

Então, agradeci baixinho e abri a porta que não queria olhar, abri a brecha e ele voou, voou rápido e ligeiro, bem alto.

Deixei a banana e água lá depois da brecha.

Quem sabe amanhã ele volta e  pousa no meu braço?


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