segunda-feira, 27 de julho de 2009

Aurora

Ele vem e já não é sem demora
Ele vem e minha agonia vai embora
Ele vem e me é chegada a hora
Ele vem a trazer a aurora

Desolação

Ando sozinha pela rua
Ninguém na descida
Não sou seguida
Ando sozinha quase desnuda
Vento frio
Ajeito a roupa
É preciso seguir em frente
Mesmo que se chegue a uma parede
Não posso desistir
Nada vai resistir
Aqui sem ti

Desolação.

Faz dias



Faz dias sonho com teus cabelos anelados
Desalinhados pelo vento da tarde
Brisa serena que insiste
Em verificar caminhos do vestido vaporoso

Faz dias fico nesse movimento
Meio abobalhado
A te imaginar, contento

Faz dias eu me engano
Que já existes
És minha e de mais ninguém

Quero teu amor de moça

Quero um amor desses em que a intimidade não pede licença para se instalar/ Quero ouvir o falar do outro até adormecer feliz/ Quero aconchego e paz/ Quero querer sempre sem precisar fazer força/Quero sentir teu amor de moça até velhinha me sorrir

sábado, 25 de julho de 2009

Pérolas de João - Globalização

João extremamente feliz porque tirei a tarde de folga para levá-lo ao supermercado para comprar o pote de sorvete preferido. Passava pelas seções de supermercado eufórico. Perto do frigorífico: Ihuuuuuuuu estamos na antártica. Nos horti-fruti: Estamos na américa do sullllll. E assim foi. No caixa a mesma coisa, cada produto aleatoriamente ele dizia que vinha de um parte do mundo. Leite da indonésia, arroz da malásia, cotonete da inglaterra, óleo da dinamarca. Seguia frenético. Passava os produtos do carrinho até a esteira do caixa falando e gesticulando muito em profusão. Até que causou uma pequena confusão pelo excesso de produtos e palavras. Eu, então na alta qualidade do poder que me foi investido de mãe, dei-lhe um leve aperto no braço, no que ele prontamente retrucou entredentes: beliscãoooo da chinaaaaa!

Rubem Alves




Unanimidade não é mesmo? Mas por quê?

Vamos ficar com um trecho de "ostra feliz não faz pérola". São Paulo, Editora Planeta do Brasil, 2008, p. 81:

As mãos
Como são diferentes as mãos ternas das mãos que desejam a posse! A ternura não deseja nada. O beijo terno apenas encosta os lábios...O olhar terno deseja que aquele momento seja eterno. Daí o seu cuidado, a voz que fala baixo, a mão que tateia, o mover-se vagaroso: para que o encanto da imagem não se quebre...