segunda-feira, 9 de novembro de 2020

O parto

 Acordei e consegui com dificuldades sair da cama para ir ao chuveiro.

Passinho por passinho. Com a vista um pouco turva por causa da medicação.

Que alívio aquela água lavando o corpo e a alma.

Depois, o mesmo cuidado para abrir o guarda roupas. A escolha não era difícil. Iria usar l vestido azul e branco de laço na cintura. 

Fiquei praticamente a gestação toda de cama. Não tinha comprado e curtido aquela variedade de roupas de grávida. 

Vesti. Penteei os cabelos cuidadosamente. E liguei para a clínica. Estava certa que minha consulta era às 10h30 da manhã. Queria saber quantos tinham na minha frente. Se estava muito atrasado o atendimento.

Ao ligar atendeu a Carmem me dizendo carinhosamente que eu errei o horário, que minha consulta seria somente de tarde. E que ela já iria ligar, inclusive, para desmarcar todos os pacientes porque a doutora estava se sentindo muito mal, pegou algum tipo de virose. 

E eu disse triste que tinha até conseguido tomar banho e me vestir sem ajuda passinho por passinho.

Ela, então,  perguntou para confirmar se eu estava vestida mesmo  e eu disse que sim, confirmei.

Ela me pediu para eu ir logo, então, para lá porque como a minha gravidez era de alto risco ela iria me encaixar, uma vez que tudo seria desmarcado de tarde e poderia a doutora não atender nos próximos dias.

Então eu fui. Ao auscultar o coração do bebê ele estava em sofrimento fetal. O coração acelerava e desacelerava.

A médica gentilmente me disse que somente um motivo daquele realmente faria ela falar o que viria a seguir: - Vamos agora para o hospital esse bebê precisa nascer.

E, assim, 8 semanas antes, eu nem entrei mais em casa, peguei a maleta da maternidade e fui ter o meu bebê,  preenchida de uma paz intensa no meu coração, totalmente em paz, diante de uma situação de um risco iminente.

Chegando na sala de parto, a equipe médica corria de um lado para o outro e eu sentia o corpo inteiro arrepiar, uma proteção tão grande, quase podia sentir fisicamente a presença de anjos naquele lugar.

E, foi, então, que ele veio, nasceu, sem precisar ir para a UTI, direto para os meus braços, cheio de vida e um pacotinho de muito amor entregue por Deus.



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