quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Moçoila

E ela linda moçoila toda encantada em seu vestido de chita à espera do amado.
Feliz, cantarolava músicas de outrora e o seu namorado não chegava. Só demorava.
E o sol foi fazendo sua curva no horizonte e foi se despedindo dando passagem à noite.
E ela prateada e faceira a tudo fez-se notar. Os pássaros foram dormir e os morcegos, morcegar.
Ela pensou que ele podia estar ocupado, quem sabe à noite, então, veria o seu amado, mas a lua foi fazendo sua curva no horizonte e foi se despedindo dando passagem ao novo dia.
E assim, na linha do céu, o sol e a lua passeavam, dias e noites seguidas, anos a fio, em sucessão infinda.
E a moçoila linda agora toda emarfanhada continuava em seu vestido de chita toda esfiapada, tudo passava, tudo se ia, só não se acabava o encantamento daquela que já foi um dia uma menina.

O sorriso

Era uma vez, existiu um sorriso. Um sorriso perfeito, desses que sorria e se enchia todo, tanto, tanto, que se espalhava pelo rosto. Era tão lindo, tão singelo, tão meigo, tanto tudo de tudo de bom, que o rosto onde morava o sorriso chegava a desfocar porque quando o sorriso chegava só dava ele, era só ele, as atenções eram todas para ele. Um sorriso assim, coisa rara. Não dizia nada, só sorria. Um dia o sorriso quis se consertar. Pensava que ainda não era perfeito. Colocou um aparelho engraçado, desses com nome difícil. Ah! Já sei! O R T O D Ô N T I C O. E lá foi ele, todo aparelhado. Mas sabe de uma coisa? Continuou lindo, sim, lindo. Porque teve a graciosidade de colocar umas borrachinhas azuis. Era um sorriso adolescente agora. E a adolescência lembra tanta coisa boa! Sorrisos e beijinhos, sorrisos nervosos, sorrisos tímidos. E eu, assim, encantada por aquele sorriso, dei o meu sorriso decidido para ele, ofertei o meu sorriso apaixonado, o meu sorriso crente, o meu sorriso guardado e casto. O sorriso que fez então? Fez que não era com ele, seguiu sorrindo como se nada tivesse acontecido. Cínico!

Parada de ônibus

O que faço com essa droga de sentimento se você fez sinal, desceu e não me disse nada?

Houve um dia

Houve um dia em que os homens voavam
Houve um dia em que os homens cantavam


Houve um dia, sereno dia
Em que só havia a harmonia

Houve um dia em que te amei
Houve um dia em que você me amou
Houve um dia em que havia alegria

Houve um dia....

DesconSertada solidão

No meu mundo tão simples
Penso em você

Nas coisas mais simples
Vejo você

Não preciso de mais nada
Só a tua estrada

Quero te abraçar meu terno amor

Por que não me ligou?
Por que você se afastou?

Deixou-me aqui tão só
Perdida, renegada
Ao vento das palavras
A uma desconsertada
Solidão

E o vazio que agora sinto
É tal como o absinto
Embriaga e me estraga
Toda por dentro

Por que não me ligou?
Por que você se afastou?

Deixou-me aqui tão só
DesconSertada solidão
Não tenho mais luz
Nada mais me seduz

Perdida, renegada
Toda abandonada
Igual aquela foto
[Velha e rasgada
De um dia, um momento feliz
Que se foi, que se foi, que se foi....

Da flor branca à alma




Flor branquinha vem e me conta
Como você é tão tranqüila?

Passarinho vem e me diz
Por que o vento não te derruba?

Água vem e me fala
Por que não chora na vala?
Por que só vem e lava
A lágrima que insiste em cair?

Céu azul de manhã
Está aí para me dizer
Que tudo, mas tudo se renova
E disso ainda é prova, o meu coração
Que continua a bater por ti

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Tempestade?

Hoje fez sol no meu coração
E assim não escutei o trovão
Pensei que o dia era quente
Porque só pensei na gente

E não vi a chuva cair
Água rolar
Rua inundar
Nada

sábado, 23 de agosto de 2008

Hálitos quentes

Nesses dias em que ando tão sozinha
Não tenho forças para me concentrar
Em nada mais que este grande amor
Que se assenhoreou de mim


Pensei podia resistir e deixar passar
Mas teu sorriso vem a minha mente sempre
Um fantasma enquanto eu não o realizar
Um tipo de nova obsessão

Preciso do teu doce beijo
No teu mundo que me é tão precioso e que desejo
Peço-te, então, como prova de minha devoção
Um simples e casto encontro de hálitos quentes

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Amor platônico

É algo tão forte que veio e me domina
Gira tudo, gira o estômago, gira o corpo
O passar das horas perde-se no eco do tempo
E o tempo passa a ser medido em suspiros
Cada suspiro vem de um possível encontro
Minha nova medida de vida
Viver de imaginar teu mundo
Em um laço confortável e natural
Amo-te já e nem te vejo ou te beijo
Imagina quando puder, então, tocar sua mão?

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Flutuar para sempre


Sonhei com você esta noite estavas lá ao meu lado
E sorrias o sorriso dos enamorados a fitar-me com cuidado
Desejavas desnudar minha formosura e fazer-me mulher
Mulher plena de sexo e amor, não mulher utensílio, mulher viva.

Eu devolvia o sorriso, pois não poderia ser diferente
A sensação que invadia-me era a de completude
Uma felicidade leve e perene confirmada no teu olhar-porto-seguro
Não queria mais acordar, queria permanecer lá para sempre, flutuar.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Tanto, tanto, tanto.




E, eu ainda espero que em um rompante de um sonho
Surjas na minha frente casta e imaculada
E, sejas minha, enfim, para sempre sem entraves
Que os nossos olhos possam, então, fitar sem pressa

E, eu que acalento tantos sonhos quero apenas realizar um
O de ser para sempre teu amado e poder repousar
Meu rosto no colo teu e ouvir o trinado dos pássaros
E, feliz estar no passar das horas no lugar mais especial

E, ao sentir tua respiração cadenciar a minha
Pelo compasso do teu coração, ajustar o meu
E, sem mais lamúrias tratar de ser feliz
Do lado daquela a quem amo tanto, tanto, tanto.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Hermafrodita



(28.08.07)

Hoje me perguntaram
Para quem é aquela música
Tão bela
E eu disse
Não sei dizer
Hermafrodita
Um dia eu hei de ser

E eu que me separei
De mim mesma
Para poder
Ver-me melhor
Vou quedar apaixonada

Pela nova moça que conheço
A ninfa salmácis
E em um riso singelo
E um abraço caloroso
Eis que me encontro de novo
Presa naquele beijo eterno

E antes cindida
Refundida
Sigo pela estrada
Mais uma vez

Completa
De uma nova parte
Que surge no agora
De mim mesma
Uma nova face
Novo enlace
Ah! Se os deuses falassem!

Tentação monitorada

(28.08.07)

Sai de mim
Tentação
Que insiste

Quando vejo
Estou a te esperar
Debruçada na janela

Às vezes me pego
E me recupero
Bem ao lado do telefone

Não sei
É um tormento
Passar o dia em sofrimento
A me monitorar
Preciso contra mim lutar
Banir essa louca tentação
De grudar em ti meu coração

Sempre diferentes

(28.08.07)

Homem e mulher
Disse-me alguém
Sempre diferentes
É verdade
Tão simples assim
Por que complicamos tudo?

Tá doendo mais

Tá doendo mais
que perder um amor

Tá doendo mais
E que dor

Tá doendo mais
que eu pensei

Tá doendo mais
sem você

Tá doendo mais
sem futuro

Tá doendo mais
Tudo escuro

Tá doendo mais
Tá doendo demais
Tá doendo como jamais

No mundo dos adultos

No mundo dos adultos
Tudo é meio complicado
Às vezes o que era certo
É o errado

Pensei que podia sorrir
Para sempre
Mas até o sol se põe

Pensei que os amigos
Eram fiéis até na chuva
Mas nem sempre é assim

Todos humanos
Tentamos aprender e erramos

Nem sempre usamos botas ou cachecol

Às vezes de chinelas
Somos surpreendidos
Pelo vendaval da mudança

Que mudança!

Amizade é lealdade
Não é à toa
Rima com a felicidade
Mas hoje descobri
Rima com saudade
[também

No mundo dos adultos
Triste estou
Minha amizade acabou

Nada dá direito
Nada
De falar minhas intimidades por aí
Ou de fazer juízo de mim
Nada
Nada
Nada
Nada
Nada
Pensei em guardar esse segredo porque te amo tanto
Mas por te amar te digo: ouve o meu pranto
Nada vai mudar e eu que pensei...podia não chorar, que nada.
Não te preocupa. Vou ficar calada, honrando o nada que em mim restou.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Pérolas de João - Direito das gerações

João está com quase sete anos e já tentou de todas as formas ganhar um irmão ou irmã. Aliás, quando esse menino entra em campanha por alguma coisa é quase impossível que não consiga o que quer. Mas, infelizmente nessa, ele não tem saído vitorioso. Após, muito tentar, silenciou. Ou pelo menos parecia ter silenciado, até que soube que a amiga de sua mãe estava grávida e que, portanto, sua amiguinha estava esperando uma irmã ou irmão. Que mundo injusto pensou ele. E retornou à campanha com força total. Em pleno café da manhã. Ele pede já ciente da resposta: - Mamãe, me dá um irmão?! Silêncio. Ele repete: Mamãe me dá um irmão?! E como não houvesse afirmação. Ele me vem com essa: - Mas que injustiça!!!! Se você não se preocupa comigo, pelo menos pense que meu filho não vai ter tios!!! E eu fiquei ali 'boquiaberta' pensando em como eu a essa altura já estava prejudicando o direito das próximas gerações. Esse garoto realmente tem argumento.