segunda-feira, 29 de outubro de 2007

O depois

Ela estatelada no chão. Ele animal saciado. Ela, caída, ali, inerte. Ela disse: Vai. Ele foi. É sempre assim. Mas hoje, assustou. Estava tudo represado. Vontade. Culpa. Vontade. Culpa. Força. Não houve espaço para delicadeza. Não houve espaço para lençóis ou sussurros. Hoje foi o dia dos gritos. Gemidos. Gritava o corpo. Gritava a alma. A língua quente. A pressa. A parede. O chão. Tudo rápido. Depois de tudo findo as cenas insistiam em reprisar na tela mental. Será que algo havia sido esquecido? Algo não dito? O que faltava? O que falta? Amor próprio talvez. Não há depois. Martírio. A seqüência repete-se infinitamente à espera de um final feliz. Não há finais felizes para esse tipo de estória. Ele sabe. Ela sabia. Já não sabe mais. Já não está viva. Está em um pesadelo dela mesma. Uma versão mal acabada. Tanto para se dizer. Tanto para fazer. Hipótese não realizada. Ela disse vai e ele foi.

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