segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

O tempo voou



Em 03.02.92




Hoje vi um homem careca vestido de azul.
Não era de todo careca. Tinha uns cabelinhos ao redor da cabeça que lhe caíam tão bem que era uma graça.
Manhã ameaçadora essa. Garoa fina, persistente, só o homem careca todo de azul brilhava, reluzia...Encostado naquele portão preto. Que contraste!
Os caracóis de seus fins-de-cabelos faziam um par perfeito e elegante com a grade preta, mas aquela roupa azul! Que brilho! Que cores!
Que vivacidade contagiante que empalidecia a garoa e fazia os pingos das poças d'água saltitarem reluzindo tal qual aquela roupa vibrante. Um tom de azul turquesa nunca visto antes.

Ele esperando o ônibus.
O ônibus que nunca chega
As horas que ecoam
A garoa que passa
A vida que se esvai.....

Olhei e vi: Um homem chorando com uma roupa que azul um dia foi e com uma careca que um dia já teve começos-de-cabelo e que ria, risada gostosa de menino.
O tempo voou.

Nenhum comentário: