segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Nascimento do amor




Era uma vez uma flor linda e delicada de tons suaves e adocicada. A linda flor vivia cercada de flores selvagens, orquídeas, sim, mas de traços mais grosseiros. Ela estava ali no meio daquele jardim a céu aberto. O tempo foi passando e todas as flores foram sendo colhidas. Como ela não estava nas bordas foi ficando, ficando e o tempo passando, passando. Chegou um dia em que todas as flores já tinham sido colhidas, restou apenas a fina flor. Ela, então, se animou e pensou. Quem sabe é hoje o dia de minha colheita...Qual sala vou enfeitar? Qual busto de linda menina vou decorar? Serei atada com fita ao cabelo anelado da linda menina? Então, o primeiro homem passou e da flor gostou. Tentou arrancá-la, mas tudo que conseguiu foi uma pétala e desistiu. O segundo veio e a acariciou e tudo que conseguiu foi ficar com o perfume daquela singela flor em suas mãos. O terceiro veio e com uma rudeza nunca antes vista a puxou de uma só vez, mas a flor não veio. Durante o tempo da espera criou raízes profundas. Era fina e delicada por fora e forte por dentro. Passaram-se mais algumas semanas. As pessoas passavam e viam aquela flor única ali em um jardim deserto e pensavam que já era de alguém, que era cara demais, etc etc. Aproximou-se um homem e da flor se enamorou e pensou não posso arrancá-la de uma vez só. Suas pétalas podem cair. Não vou acariciá-la de qualquer jeito posso prejudicá-la. Também não usarei de rudeza, pois não combina com delicadeza. Vou vir aqui todos os dias declarar minha afeição. Dia após dia ele declarava para ela seu afeto. Escrevia uma carta. Fazia serenata. Estava sempre presente. Ela se acostumou. Ele também. Os encontros eram esperados ansiosamente por ambos. Mas como fazer para que aquele idílio entre um homem e uma flor desse certo? Eram de naturezas diversas. Cada um tinha uma estória de vida, um passado. E foi aí nesse momento que a dúvida surgiu no coração dos enamorados. Graças ao Bom Deus, um fino raio de luz que lá do alto assistia desceu rápido do céu e tocou o coração de cada um. Transmutação. O homem virou cravo e a flor o beijou. Desse momento, nasceu o amor.

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